Ontem, por volta das 20h45, as chamas avançaram rapidamente e consumiram duas casas localizadas numa zona de difícil acesso.

Moradores ainda tentaram salvar as duas crianças que estavam no interior, mas o
fogo tomou conta de tudo em poucos minutos.
“Ontem, por volta das 20h45, nós encontramos
fogo… tentamos arrebentar a porta para ver se conseguia tirar as crianças, porque havia duas crianças lá dentro. Mas não conseguimos fazer mais nada,
porque era intenso o fogo subir com uma velocidade terrível.” Ynok Cangato Morador / Testemunha

O morador afirma que os bombeiros chegaram, mas não conseguiram atuar de
imediato:
“Bombeiros chegaram a tempo. Mas só que
o problema é que não tem via de acesso. O bombeiro tentou entrar e não
conseguiu. Nosso problema é esse: as pessoas fecham o seu terreno. Eu apelo ao Estado a
urbanizar as zonas para que possa ter via de acesso.”
Hilton José Márquez, padrasto das crianças que perderam avida, descreveu o
momento de desespero
“Eu estou na cama com a família, a
família desperta, vejo fogo. Quando tento sair de porta de meu quarto, o fogo
já tinha abrangido a casa total… tentei entrar para buscar as crianças, mas só
tinha fumo. Não tinha como fazer mais nada.” Hilton José Márquez / Sinistrado

Hilton descarta a hipótese de curto-circuito:
“Esse fogo não foi problema
de energia. Havia energia, estava estável. Eu desconfio que ele deixou algum
fogo aceso não sei se estava a cozinhar ou se dormiu. Quando despertou, saiu
todo atrapalhado.”
Para além das vidas perdidas, as famílias perderam todos os bens:
“O apelo é que tudo está perdido. O
único que saí de casa é só box. A jovem perdeu o filho dela. O material a gente
constrói, mas criança… isso deixou-me chocado.” Hilton Márquez
O morador reforça a necessidade urgente de vias de acesso
“Isso é uma doença que temos no país: as
pessoas constroem e não deixam via de acesso. Um metro que seja, não deixam. O
Estado tinha que intervir. Se tirar dois ou três metros para urbanizar,
o Estado é Estado.”
As famílias, agora desabrigadas, apelam à solidariedade enquanto aguardam apoio das autoridades.