A candidatura de São Tomé à Rede Mundial de Reservas da Biosfera levou cerca de dez anos a ser concluída. O processo foi conduzido por uma equipa nacional de técnicos, coordenada por Meyer António, responsável pelo Parque Natural de São Tomé que faz parte da Comissão de elaboração da candidatura

A proposta foi submetida à UNESCO no ano passado e, após várias avaliações, recebeu aprovação final em setembro de 2025.
“A Reserva da Biosfera não é algo que a UNESCO oferece. É o país que se candidata, mostrando o compromisso em promover a harmonia entre o homem e a natureza. Esse reconhecimento é um selo de qualidade para o nosso trabalho.”
Segundo Meyer António, o estatuto de Reserva da Biosfera traz vantagens diretas ao país, como o aumento do potencial turístico, melhor acesso a financiamentos internacionais e bolsas de estudo para investigação e educação ambiental.
“A Reserva vai permitir maior visibilidade turística, acesso a fundos para conservação e investigação científica, tanto marinha como terrestre. Mas, sobretudo, é uma oportunidade para repensarmos a forma como lidamos com o nosso meio ambiente.”
O responsável sublinha, no entanto, que o reconhecimento internacional não traz automaticamente recursos financeiros. Cabe ao país apresentar projetos e políticas alinhadas aos princípios da conservação e do desenvolvimento sustentável.
“Ser Reserva da Biosfera não significa que alguém virá dar dinheiro. É o país que precisa trabalhar, elaborar projetos e buscar parcerias. A reserva é uma oportunidade, não uma obrigação.”
O conceito de Reserva da Biosfera vai além da proteção ambiental. Inclui também a valorização da cultura, das tradições, das línguas locais e do modo de vida das comunidades numa visão que une natureza, conhecimento e desenvolvimento humano.
“A reserva é também sobre cultura — as nossas festas, os nossos trajes, a forma como vivemos com a natureza. Tudo isso faz parte da identidade do país e deve ser preservado.”
Com o novo estatuto, São Tomé e Príncipe torna-se o primeiro país do mundo com 100% do seu território classificado como Reserva da Biosfera.

Um passo importante para o futuro ambiental e sustentável do arquipélago.
Texto: Varela Tavares
Imagem: TVS